quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Maquina

Me deixe estrangular seus gritos com meus lábios Hamlet.
Gritas tanto que quer ser uma mulher
Como ser o que teme, Hamlet? Hamlet!
Do que quer me ver morrer?
Anda me diga...
Me olhe Hamlet, me olhe nos olhos.
Anda venha, venha comer me coração
você ainda quer quer ele, assim estragado?
Me olhe Hamlet, me olhe nos olhos.
Olhe meus seios, minhas coxas, minha virilha.
Você gosta do que vê
sim, sim. Me teme, como teme o putrefato sistema.
Mas eu tenho uma boa noticia, uma ótima noticia
vou morrer, vou morrer como seus sonhos, seus ideais
vou morrer como os sonhos de um velho revolucionário.
ser ou não ser Hamlet, essa é a questão.
O que você é Hamlet, o que você é?
O que foi? nunca ninguém se declarou assim? Eu te amo, mas não quero comer seu coração estragado.
Você ainda quer comer meu coração?
Fume Hamlet, fume, trague toda essa fumaça.
Morra de câncer.
Gosta do meu vestido? É sangue.
Desligue a TV é tudo mentira.
Hamlet, você não vai se matar
nem vai morrer. Vai viver...
viver muito, que pena a vida no silêncio.
Ande vá comer um coração novo.
Que te olha apenas na capa, que te olha como um príncipe e não como uma maquina.
Vá amar alguém a qual sua imagem ainda é pura.
Não me abrace, com essas braços fracos
não tente segurar minha vida cansada
entrego meu corpo ao rio para que ele não segure a minha vida.

(clara anastácia)