terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aquele beijo de leve, com mãos, com pés, com alma...
Nunca, nunca...
Apertar bem forte a mão, para não deixar escapar!
Mas acabou voando, e não volte, quero ser eu a cair na gaiola de alguém agora!



[clara anastácia]

Saudade que mata, me mata, nos mata, te mata. mas mantém viva as lembranças...

Sinto falta da correria na grama verde, tomar banho cachoeira, comer biscoitos feito pela vóvó, da blusa de elefante e de colo. Sinto falta dos cachos loiros e dos olhos verdes, da mão que vinha me ninar, desse proteção que só a moça sabia dar. Sinto falta de fazer bixinho e de ir dormi alegre, de acordar cantando, de ter tempo para dançar sozinha essas musicas de filmes infantis -tão babaca!
Eu sinto.

[clara anastácia]

Bateria , confete e falsas fantasias.

Hoje o bloco não saiu
a baiana chorou, chorou
lá no Pelourinho uma cuica gritou
gritou a dor de amor que se acabou.
Agora o tempo marca, o compasso da desilusão
de um amor que hoje não é nada
mas já magoou demais esse coração.
Eu pedi aos deuses do Carnaval
um outro amor, um outro bem...
mas não veio, não vem...
E meu cavaco canta a dor e pede ao meu Orixá
que a solidão que em mim habita, prometa que um dia vai passar!

[clara Anastácia]

Adeus da inocência.

Eu acreditava em tudo, quase!
Eu acreditava que seria bailarina
e iria embora com o circo
ou qualquer trupe mambembe.

Acreditava em fadas e bruxas...
eu, eu um anjo sem asas
que acreditava fazer o bem a todos
só fui deixando todos cheios de mim.

Eu que acreditava na inocência
agora, uso o batom vermelho da Geni.
Poesias belas, cheias de amores
agora cheiram os poemas de Bodeler
Hoje acredito no grito, na lágrima
nesse cheiro de tristeza que sai dos lençóis.
na grama seca, em vestidos rasgados...
acredito que um homem, é só um homem e mais nada.

[clara Anastácia]

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Raiz vermelha.

O senhor que é dono do campo, que se diz dono do campo.
Que paga com fome, suor e dor todos que da terra cuidam
terra verde de raiz vermelha, terra que está meu avô, meu pai.
Hoje quem cuida da terra, dela nada tem!
Calaram, calaram alguns mortos de fome, alguns homens de terra
maratam aqueles que tem pés na terra, homem branco, preto, amarelo.
Eram fora da trilha, pobres demais para ter importancia.
E agora, mortos, repousam nas suas terras lembrados como homens errados
fanaticos, biatos, todos apagados, a fogo, a fome, a bala, a faca.

Mas a história não se apaga!
Escondem, brincam de esconde-esconde com a história
e nessa de se esconder alguns meninos que muito viam e muito queriam fazer
descobrem a história vermelha e crua.
Na beleza da grama verde e dos pés de café
a dor de um tal Antônio, que foi atrás de terra e nela foi enterrado.
Agora que tudo é agua, mar de lagrima derramada.

É... Terra para quem não sabe tocar a terra!
É assim que vamos continuar a história?
E a tal da reforma agraria? Aqui ainda não passou... Vai passar? Não vai passar?
Enquanto isso me entopem de veneno, em formato de fruta e legume.
Poderia dizer que o dinheiro hoje vale uma vida, mas a vida já não vale nada...
E o que a gente faz?
E o que a gente faz?
E o que a gente faz?
A gente cala.

[clara anastácia]