Doce engano.

Um homem que está no ponto esperando o bonde encara um telefone publico
e resolve ligar para uma pessoa a qual desligou-se sem dar explicações, ao
pegar o telefone digita tão rápido como se o dedo espera-se por esse momento
a muito tempo.
Enquanto isso mulher com um vestido branco de renda, sentada em um sofá cor café
olha fixamente para um telefone vermelho já sem muita esperança de escutar um toque, enquanto sua mãe resmunga algo relacionado ao sumiço de uma presilha. repentinamente o telefone toca e a mulher atende. E ao escutar o primeiro alô abre um meio sorriso.

- Alô?
-Alô.
- Eu liguei por que eu queria...
A mulher o interrompe.
- Eu sinto a sua falta.
- a sua voz... está mais doce, mas lírica.
A mulher da uma risada contida.
- Eu não esperava ouvir isso de você. Por que me ligou agora?
- me desculpa sair correndo, eu senti medo.
- E por que voltou?
O homem fecha os olhos e assume com vergonha.
- A saudade foi maior que o medo.
- Que bom que volt...
O homem a interrompe.
- Ana escute.
O coração da mulher para por alguns instantes.
- Eu... eu...
- Eu estou indo viajar. Mas eu volto, eu volto.
- Volta?
- Sim, eu, eu tenho pensado tanto em você.
- Nos conhecemos a tão pouco tempo que... Escute tal vez não nos falemos mais,
porém saiba que eu o amei por um pouco tempo, mas o amei.
- mas eu volto.
- me ligue quando voltar! ligue da mesma forma, da mesma maneira. promete?
- prometo.
A mulher desliga o telefone sem escutar o adeus. E olha para sua mãe que pergunta.
- quem ligou?
- não sei o seu nome. Foi engano, um doce engano.
- entendo.
- Mãe?
- sim...
- Se eu não me chama-se Clarisse, qual seria o meu nome?
- tal vez, Ana.

[clara anastácia]